sábado, 12 de agosto de 2023

Determinismo Geográfico?








Ao se observar a história das nações, constata-se forte disparidade, onde certos países revelam vibrante presença enquanto outros permaneceram no anonimato. Quais seriam os fatores que favorecem este comportamento díspar, tanto no campo cultural quanto no econômico e ambiental? 

Existem vertentes que favoreceram a criação de um Ethos nacional, o qual não raro resulta dos conflitos e dificuldades superados através de sua história, assim cooptando o seu povo na direção de seus interesses basilares dentre os quais se destacam os limites geográficos e a preservação de sua identidade histórico-cultural. Excetuando-se as regiões polares, onde a hostilidade ambiental é perene, razoável parece ser a influência do clima no comportamento das nações, influindo na cultura, na economia e na política.

A rica conformação geográfica da Europa e seu clima ameno, objeto de cobiça de povos diversos, causou ao longo do tempo uma sequência de desafios históricos tais como a invasão Árabe das terras Ibéricas no Século VIII, chegando às portas de  Poitier; as hordas mongóis no Século XIII chegando às portas de Viena e no Século  XVI, a ameaça à integridade da Europa Cristã pela expansão Otomana, contida na batalha naval de Lepanto, às portas do Mar Tirreno.  Novo trauma ocorreu na absorção do Leste Europeu pela União Soviética nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, libertado somente em 1991.

Estes desafios catárticos trouxeram por consequência uma identidade psico-geográfica que consolidou o que veio a ser a União Europeia. Hoje, sua população ultrapassa os 440 milhões e sua economia revela um PIB de US$ 1,4 trilhões, tornando-se a terceira economia do planeta. Seu comercio internacional  alcança o terceiro lugar, após os Estados Unidos e a China.

Novamente, o clima moldou a formação do Norte da America. Do outro lado do Atlântico, quando recém criados, os Estados Unidos e o Canadá forjaram nações após décadas  de luta armada, seja contra estrangeiros, seja contra os  povos autóctones. Ainda, o severo clima exigia excepcional rigidez e determinação para enfrentar as dificuldades ambientais e, ainda, a capacidade de poupar nos tempos amenos para sobreviver os desafios  invernais. Cria-se, assim, a cultura severa, exigindo do seu povo à necessidade de  previsão, ou seja, o investimento prévio que permita o bem estar futuro.   

Já, ao Sul, a forte influência do clima ameno entre os Trópicos do Câncer e do Capricórnio propicia a terra generosa bem como uma cultura indulgente, e refletindo-se tanto na fragilidade da formação política quanto na baixa intensidade do ímpeto econômico. 

Na America Latina, habitada por colonos  oriundos da peninsula Ibérica, terra livre dos maiores  rigores invernais, o fenômeno é observado. Na África, Ásia e Oceania, tendo por colonos os portugueses, franceses, ingleses e holandeses, todos se revelam enfraquecidos pelo clima. Ao adentrar as generosas terras tropicais reduz-se o desafio existencial e a disciplina societária, desaguando, assim, em nações com valores tão condescendentes quanto o clima e a fertilidade que as envolve.


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