Em recém artigo de prestigiosa instituição internacional, o Commonwealth Fund, compara-se o consumo de drogas e as mortes resultantes dentre os países de cultura Ocidental. No estudo verifica-se a esmagadora preponderância de tal flagelo nas nações situadas nas faixas gélidas do planeta. Dos doze países com maior índice de mortes por droga por milhão de habitantes, a lista é liderada pelos Estados Unidos (277 mortes por milhão de habitantes), seguindo-se em ordem decrescente, o Reino Unido (267) , os países escandinavos (de 70 à 30). Já, na faixa temperada, a França e Portugal revelam a incidência de apenas 7 e 5..
Não parece haver dúvida sobre ter o clima forte influência sobre o comportamento humano. Enquanto nos países frios e de longos períodos de escuridão, onde o Sol mostra-se tímido quando não ausente, tem o seu clima como estímulo à atividade humana e riqueza que dela decorre. Assim demonstra, não por acaso, a superioridade econômica das nações setentrionais. Nestes países o ócio é severamente punido.
Ainda, a religião como elemento convergente, gera suas consequências sociais e econômicas. Verifica-se, também, a preponderância nos países frios da religião protestantes, onde ela, contrariamente ao catolicismo, estimula a riqueza. Nesta teologia, vide o Calvinismo, o rico reflete a recompensa de Deus, enquanto o católico vê na pobreza a imagem de Cristo, assim diferenciando a ordem dos valores e dos objetivos.
Tais fatores de tensão existencial, tanto física quanto psíquica, exercem forte influência e diferença no comportamento das populações dentre os países ocidentais do Norte e do Sul, conforme demonstra a relação acima.
Será o Catolicismo mais tolerante com a fraqueza humana? Terá a Confissão um elemento de expiação de culpa e distensão psicológica? E, ainda, seria maior o rigor da teologia protestante, onde a culpa é introspectiva, tornando-se um fardo psicológico e existencial? Seria, assim, elemento relevante na extensão do uso da droga como escapismo?
Já pelo lado tropical, o clima generoso e ensolarado perdoa a displicência, sendo que em sua terra tudo dá. Tanto o presente quanto o futuro são igualmente previsíveis e de índole generosa, pois tanto o clima quanto a fertilidade atenua os rigores da incúria. A busca do imediato prepondera, deixando o porvir para quando se apresentar. Tal visão atenua a tensão autocritica uma vez que a punição material pelo insucesso é mais branda. Contraria, porém, o conceito de influir sobre o futuro através de investimentos cujo longo prazo mais riqueza poderá trazer. Cria-se, assim, uma ensolarada conformação imediatista, condenando a sociedade à mediocridade econômica.
As fábulas de La Fontaine e Êsopo, falam do alto preço do imediatismo, porém o fazem porque tanto na França quanto na Grécia os invernos são rigorosos. Em países tropicais as fabulas tratam mais de amor, atividade ubíqua e de teor imediatista, do que temas de longo desdobramento.
Seria impetuoso dizer-se que a “joie de vivre” acompanha o Sol? Que sobreviver é mais fácil nas terras quentes? Quando tudo é mais fecundo quando a pele não é fria?
A pesquisa produzido pela Bloomberg reflete o quadro depressivo identificado pelo consumo de drogas. O conflito interno, o pessimismo para com a vida, a falta de esperança são fatores que levam à droga. Tal quadro mais reflete sobre aqueles que fracassam nos desafios dos países frios, onde a penúria do calor solar e a sombria natureza invernal potencializa as exigências pela sobrevivência física e psicológica.
Um comentário:
Muito interessante esse estudo e a sua análise. Enfim, temos alguma vantagem competitiva. Obrigada!
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