segunda-feira, 17 de abril de 2023

Lula na China




Levando em conta o crescente intercambio comercial e financeiro entre o Brazil e a China, Lula agiu bem em aveludar suas relações com o gigante oriental. Hoje o comercio  brasileiro com a China supera aquele dos Estados Unidos e da União Europeia e sua tendência continua ascendente. Ainda, aumenta, gradativamente, investimentos chineses no Brazil.  Esta importante relação, contudo, não deve prejudicar as relações que o Brazil tem com os Estados Unidos e a Europa.

Dentre os assuntos abordados, a questão Russa-Ucrânia não poderia estar ausente. Este conflito causa estremo desconforto à China, causando lhe dano político internacional face sua aliança com a Russia. Além dos assuntos acima mencionados em sua conversa  com Xi Ji Ping, Lula propos sua intermediação para o cessar das hostilidades no front russo; a proposta  parece ter sido bem recebida. Sua confirmação veio através da inesperada visita ao Brasil do Chanceler russo, Sergei Lavrov, revelando a redirecionamento de Putin à um Cessar Fogo.

A Russia reconhece que esta guerra interrompeu uma tendência virtuosa com a União Europeia, tanto política quanto econômica, que teria amplo impacto na geo-política, reduzindo ou, quiçá, eliminando a secular ameaça russa  presente desde os tempos imperiais e comunista.  Com o passar do tempo, o seu preço torna-se crescente, tanto em vidas quanto  material. 

Já, a politica norte-americana, tendo por objetivo o enfraquecimento da Russia, teve amplo sucesso.  Putin não soube evitar a armadilha que Washington lhe preparara.  Ao pressionar Moscou com a cooptação de Kiev para a OTAN, optou ele, erroneamente, pela invasão do vizinho. Ao fazê-lo, jogou por terra todo o trabalho anterior de reaproximação com o Ocidente Europeu. O alto preço de tal erro político já se faz sentir na economia russa.

Contudo, com o prolongamento inesperado do conflito,  o quadro político parece mudar. Tanto  a União Europeia quanto a Rússia sentem crescente insegurança tanto politica quanto militar. A final, dir-se-á, a Ucrânia não vale os sacrifícios diretos e indiretos que o conflito causa, porém a União Europeia não aceitará a validação do precedente que a invasão representa. Em sentido contrario, Washington revela o "animus-belli", onde a continuidade da guerra lhe interessa pois enfraquece seu maior adversário  militar.

Não fora a guerra que ora tumultua o quadro geo-politico das potências, assim congelando alianças existentes no contexto Ocidente vs Oriente,  razoável supor-se que à União Europeia convém tanto uma reconfiguração de menor teor militar nas relações com Washington, como lhe interessa diversificar suas opções políticas e comerciais, isto é, ampliar sua intimidade econômica com a China bem como pacificar a Rússia. 

Neste sentido, a visita de Macron à Peking revela gradual exaustão da formula geopolítica existente até hoje. O confronto Ocidente-Oriente torna-se cada vez mais dispendioso pelas oportunidades político- econômicas perdidas com o afastamento da Rússia e da China. 

Em atitude simultânea e semelhante à de Lula, a visita do presidente Emanuel Macron à Moscou propondo uma interrupção do conflito traz um peso adicional e relevante  ao esforço de pacificação. A perdurar o conflito ora em curso, aumenta exponencialmente o perigo de sua nuclearização, com consequências imprevisíveis para a humanidade.  

 


  

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente reflexão, Pedro! Ótima análise deste conflito! Bjs, Regina

Unknown disse...

Obrigado pelos comentários Regina. Mundo em suspence.

Anônimo disse...

Excelente análise. Obrigado Pedro.