segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Uma nova Albion

   

                                      

                                                                      
                                                        Primeiro Ministro Rishi Sunak

A Grã Bretanha optou pelo Brexit por privilegiar sua soberania e identidade anglo-saxã, rejeitando tanto os costumes quanto a imigração estrangeira vinda "across the Channel". Cometeu-se uma imprudência ao apresentar ao povo um plebiscito cuja decisão seria por maioria simples. O Primeiro Ministro Cameron pensou obter a maioria, porém foi derrotado. Em vez de exigir maioria qualificada de 2/3 se impunha dada a relevância da consulta popular, bastou a maioria simples para causar o Brexit.

Conforme os relatórios econômicos e financeiros emitidos pelo Bank of England, o abandono da União Europeia vem trazendo uma redução, senão uma inversão, do bem estar da população britânica. Conquanto o fim da pandemia abre as comportas inibidoras, oferecendo  uma retomada econômica, antes represada, as projeções para 2023 e 2024 revelam uma crescente timidez econômica de acordo com relatório da OCDE ¹

Para enfrentar a nova realidade, torna-se imperativa a busca de liderança que atenue, senão reverta, a fragilização projetada. Assim, o povo inglês hoje observa, com grande surpresa, a ascensão ao topo do poder político dois líderes que muito se afastam das centenárias tradições ao escolher um descendente Hindu e um Iraquiano para dirigir seu futuro.

Evidentemente, ainda que se afastem da outrora  tradição,  trata-se de homens públicos de grande capacidade e liderança, como atestam as posições assumidas, e sua indicação se deve a vontade de sua base eleitoral, majoritariamente anglo saxã.  

São eles o Primeiro Ministro, Rishi Sunak, de origem indiana, e Nadhim Zahawi¹, nascido no Iraque, líder do Partido Conservador, hoje majoritário na Casa dos Comuns. Ambos os políticos já revelaram inquestionável competência, ao serem eleitos pelo Parlamento. Porém, tal desdobramento revela uma flexão nas tradições tão caras a seu povo, hoje confrontado com uma nova realidade, onde a fragilização das elites tradicionais e a urgência para descortinar novos rumos impõem novas soluções.

A comunidade internacional se surpreende e lamenta profundamente a possível perda de relevância de uma das mais importantes nações líderes do planeta. De sua gente vieram, ao longo dos Séculos, contribuições seminais para a cultura universal, para a sabedoria política, para a ciência, para a compreensão da economia. Sua defesa da Democracia nas duas Grandes Guerras servirá de perene inspiração para todos que cultuam a História.

Nos resta a esperança de sua redenção.  


¹) O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido deve crescer 4,4% em 2022 e encolher 0,4% em 2023, antes de se recuperar e crescer apenas 0,2% em 2024, projeta a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório divulgado nesta terça-feira (22).

²)   Ao terminar este artigo nos vem a notícia do afastamento do Sr. Zahawi.

sábado, 21 de janeiro de 2023

O Caminho do Centro





Foram muitos os brasileiros que votaram em Lula afim de impedir a vitória de Bolsonaro, e não por abraçarem uma política distributiva que desrespeite os imperativos de uma economia equilibrada necessária ao crescimento econômico da Nação.. Este relevante grupo eleitoral, cuja adesão  deu à Lula a vitória, não pode e não deve ser desprezado pelo candidato vitorioso. Este segmento rejeita a demagogia econômica e a irresponsabilidade fiscal que se esconde sob um manto populista. 

Assim, preocupam as frases lançadas pelo Presidente aos meios de comunicação, desprezando o teto de gastos, ridicularizando o equilíbrio fiscal, rejeitando a independência do Banco Central e sua missão anti-inflacionária. 

Esta recorrente retórica, colocando o país perante a possibilidade de um deficit fiscal endêmico e a resultante política monetária inflacionária que terá como principal vítima a população desassistida que pretende proteger. 

Este segmento social, de enorme importância demográfica e política, não tem como proteger-se contra a desvalorização da moeda, a não ser pelo assistencialismo e pelo artificialismo de aumentos salarias decretados, que, por sua vez, mais atiçam a inflação e os déficits orçamentários. Ainda, a intromissão assistencial do governo na esfera privada gera crescentes desequilíbrios no mercado, afetando negativamente sua expansão como empregador próspero. Assim, crias-se um ciclo vicioso, cujo o mais sombrio exemplo é a Argentina, cujas políticas  populistas a condenam à crises permanentes. 

Observa-se, assim, uma séria dicotomia conceitual que ora rege o governo Lula, pois contraria as propostas públicas do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet defensores da ortodoxia fiscal. Estes dois ministros recém  tiveram por audiência a Conferência de Davos, onde os expoentes das áreas econômico-financeiras internacionais se reúnem anualmente. 

Lá se forma a imagem dos mais diversos países, cuja repercussão positiva significa a abertura dos canais necessários ao crescimento econômico. Tanto Haddad quanto Tebet apresentaram uma visão equilibrada do Brasil, onde o respeito à integridade orçamentária e à estabilidade da moeda é requisito essencial. 

A economia de mercado é inevitável, não existe alternativa que não passe pelo totalitarismo, onde a primeira vítima é a liberdade. Assim sendo, o desenvolvimento econômico só ocorre com o crescimento dos investimentos, onde o acréscimo das receitas e lucros privados geram crescente emprego, contribuindo, também,  para o acréscimo de arrecadação fiscal.  

Sem este crescimento não há como atender e redimir a imensa massa de cidadãos desassistidos.

A insistir no intervencionismo estatal o Presidente Lula terá contra si não só os herdeiros do governo vencido mas, também, e mais relevante, aqueles que nele votaram por se oporem a Bolsonaro. Estes  tornar-se-ão desiludidos, retirando seu apoio. Em tal cenário o estamento PTista perderá suas alianças, tornando-se minoritário no Congresso, sem a representação necessária para bem governar. 

O Presidente não pode se dar o luxo de perder o comando político da Nação, seja por um Congresso hostil, seja por um desregramento paralisante da economia brasileira, seja por uma fuga de capitais privados. Para que tal não aconteça terá, por única opção viável o caminho do Centro, sem abandonar a prioridade devida à sua responsabilidade social.

 






sábado, 14 de janeiro de 2023

A Democracia venceu.






Ao terminar meus estudos secundários no exterior voltei para servir no Exército brasileiro. Foram oito meses de ordem unida e disciplina, muito exercício. Fiz boas amizades em todas as classes sociais mas não vi um só grã-fino na caserna. Tornei-me motorista de caminhão, transportando desde mobília de sargento em mudança, a holofotes antiaéreos. Dei três tiros com meu mosquetão Mauser e nada mais de cunho bélico. Mas fez-me bem. Nada de privilégios. Me endureceu.

Doze anos depois, em abril de 1964, acompanhado por quatro amigos, deixamos minha casa no Morro da Viúva e partimos com parco arsenal para o Palácio da Guanabara. Lá vi muitos grã-finos, armados e dispostos. Sob o comando do General Landim nos posicionamos nos muros do jardim a espera dos fuzileiros do Almirante Aragão. Não vieram; em seu lugar chegaram os três tanques do Capitão Etchegoyen. Final feliz.

Esta vivência deu-me grande apreço pelo Exército brasileiro, o que me faz abordar um assunto que me traz tristeza e decepção. Depois de terminado o ciclo revolucionário de  '64, constatado o inevitável desgaste decorrente de anos seguidos no poder, coube às Forças Armadas voltar aos quarteis. Conforme a nova Constituição de 1988, lhe cabe proteger a Nação contra ameaça externa e, obedecendo a convocação do Presidente em exercício, na qualidade de Comandante em Chefe, conter movimentos armados internos.

Contudo, em 2019, com o advento de um militar na presidência da República, os últimos anos revelam uma crescente politização desta Forças Armadas, tendo por comandante em chefe um Tenente que, após condenado e levado a deixar o Exército por Tribunal Militar, teve sua sentença comutada  tornando-o Capitão por aposentadoria.

Conquistando expressiva vitória eleitoral, Jair M Bolsonaro cercou-se de militares, na Vice Presidência e nos Ministérios bem como em dezenas de órgãos relevantes, assim gerando uma relação íntima e relevante com as demandas políticas, condição desaconselhável em processo democrático onde a preponderância civil é necessária. Bastaria um exame na composição política das grandes democracias hoje existentes para constatar-se tal evidência.   

Já em 2023, tornado Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas, Lula da Silva enfrentou nos primeiros dias de empossado uma rebelião de turba politizada, cuja ação fora possibilitada por nítida e inaceitável passividade no cumprimento des seus deveres por parte, tanto da Policia Militar de Brasilia quanto  do Quartel General do Exército. Enquanto a primeira corporação permitiu a invasão da Praça dos Três Poderes já o Exército se recusou a desbandar os radicais encampados sob a ostensiva proteção do QG. Ainda, ordenou passividade perante a invasão ao Batalhão de Guarda Presidencial responsável pela segurança do Palácio.

Insuflados, financiados, atiçados por mensagem (em seguida apagada) do presidente derrotado insistindo na fraude eleitoral, e liderados pelas palavras de ordem de seus líderes radicais, deu-se a invasão inédita  das instituições basilares da Nação.

Pois não venceram. Apesar do apoio recôndito dos inimigos da agora vitoriosa Democracia. Com atuação correta, o Presidente Lula da Silva, reunindo os líderes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal deu à Nação a visão de uma país que preza a liberdade e rejeita o autoritarismo.

Não menos importante, as grandes Nações estrangeiras reconheceram, com mensagens explícitas de apoio e solidariedade, a neutralização das ameaças sofridas, assim reforçando os laços que as une ao Brasil. 






 







domingo, 8 de janeiro de 2023

Democracia Ameaçada




Emulando Donald Trump, seu discípulo Jair Bolsonaro inspira seus seguidores ao assalto às instituições democráticas brasileiro. A invasão e depredação do Congresso, do Supremo Tribunal de Justiça e do Planalto segue e supera a cartilha proto-anarquísta de seu mentor americano. 

Cabe aos serviços de Inteligência verificar quais as lideranças de tal movimento, inclusive constatar se o presidente derrotado teria parte ativa nesta triste página da história da republica brasileira. O fato de tal atropelo ter ocorrido com Bolsonaro livre de retaliação e, ainda, conhecendo-se seu carácter e histórico violento, justifica-se a suspeita de sua participação intelectual no evento. 

Este episódio revela, também, a sub-reptícia  cumplicidade do comando político e policial de Brasilia. A  chegada de centenas de ônibus na Esplanada dos ministérios deveria alertar as autoridades para o perigo que envolve  a formação de grande massa de manifestantes. Quanto à inação do Exército, esta dependeria da solicitação de seu comandante chefe, Lula da Silva. Breve saber-se-á o transcorrer do Presidente com seu Ministro da Defesa, cujo teor poderá ser de importância política. 

No momento desta escrita, ainda não á conhecida a extensão dos danos materiais causados pela turba. Vale especular-se que serão relevantes os efeitos políticos desta rebelião antidemocrática, pois ela sugere o aprofundamento de uma clivagem no estamento político e militar. Os seguidores do ex presidente, tal como o PL, deverão demonstrar leniência, senão apoio ostensivo, à invasão. Porém, o custo político de tal apoio aumentou, correndo-se o risco de perda de fidelidade em número expressivo de antigos seguidores.  


EM TEMPO :   O Presidente da República decreta intervenção no Distrito Federal, assim reestabelecendo a ordem.