domingo, 27 de junho de 2021

Caixa de Pandora




Com o passar do tempo os fatos ilícitos tendem a aparecer, revelando as intimidades de governos e seus tratos com o bem público. Trata-se de uma Caixa de Pandora que, regularmente, entorna seu conteúdo nocivo para exame dos cidadãos.

E como abrir esta Caixa, tão bem guardada a sete chaves? Tal é o segredo que a cerca que somente os cúmplices as possuem.  Lula, tal qual Deus mitológico, é instado por Roberto Jefferson ao direito por Justiça, que mesmo nas cavernas do Mal deve imperar. Deixando-se levar pelo ódio ao seu antigo benfeitor, gerado pela recusa de benesses já habituais, Jefferson sucumbiu ao imperativo atávico do Escorpião: Morre se necessário for, mas matar é necessário. Sabedor de que a denúncia o destruiria, não resistiu ao impulso primeval que o levava a destruir o inimigo, José Dirceu. Botou a boca no mundo; denunciou "urbi et orbi" as falcatruas do Mensalão .

Sobe a cortina. Nova época, nova sena,  novos personagens. Agora, como fonte do Poder tem-se Jair Messias; como vilão frustrado Luis Miranda, como objeto do ódio se apresenta Ricardo Barros, acusado de tramoias Pandêmicas. Se os diálogos não são idênticos, as circunstâncias, sim, o são. Para instrumentalizar o crime recorre à Vacina. Aquela que o povo busca no seu desespero.

E o mal está feito. Rompe-se a Imagem, vê-se a pretensa Vestal desnuda, talvez estuprada. Mais do mesmo. Desta vez sem um Sergio Moro, implacável e honesto, pronto para punir em benefício da Sociedade. Como contraponto, um Supremo Tribunal Federal embaralhado nas minúcias da exegese, distanciando-se, cada vez mais, da essência da  Justiça.

Mas a caterva é esperta, manhosa, ardilosa. Quais serão as manobras para relegar o "caso" à um mero erro administrativo, um  engano protocolar, um desvio burocrático?  

Onde esta o Procurador Geral, outrora isento? Aquele senhor que, paralisado, treme de desejo por novo cargo. Onde se situam as Forças Armadas, hoje ameaçadas pelo crescente conflito de interesses? Onde está o Supremo, hoje infiltrado em vias de ser neutralizado? 

Que venha o clamor eleitoral. É onde está  a esperança.


terça-feira, 22 de junho de 2021

Aviso aos navegantes...

 


Deixando para traz a híperinflação de Sarney e as loucuras de Collor, o Brasil retomou ao caminho coerente.  Porém, a trajetória positiva que o Brasil vinha seguindo a partir do governo Fernando Henrique Cardoso e do primeiro período de Lula foi desbaratada pela descontrole trazido pela volúpia dos dinheiros alheios (Lula II), pela contaminação de teses infantis (Dilma) e pela opaca compreensão dos mecanismos internacionais (ambos).     

Como se destinado à sofrer a inconstância de rumo e das más opções o país elegeu um líder despreparado para o desafio. De modesto nível escolar e instável equilíbrio emocional não se revela à altura da missão. Só o equilíbrio, o conhecimento, a experiência e a honestidade de propósitos lhe daria condições para conduzir duzentos milhões de brasileiros. 

A ocorrência da Pandemia desnudou o despreparo do governo recém eleito. É na adversidade que os grandes homens se revelam, porém faltou ao presidente a compreensão do abismo que se abria sob seus pés. Se assim tivesse agido, ter-se-ia evitado a intensidade e dimensão da tragédia e sua imagem de estadista refletiria a gratidão da Nação.

Contudo, Bolsonaro, ávido pela sua contínua permanência no poder, tendo a reeleição como objetivo prioritário, abraçou a tese de seu mentor, Donald Trump, ao ridicularizar a letalidade do Covid19. Apostando em rápida recuperação econômica, recusou as medidas sanitárias restritivas, desprezando as funestas consequências de sua ambição.

Após 500.000 mortos, Jair Messias Bolsonaro ainda mantêm o desprezo  pela gravidade da moléstia, ridicularizando as necessárias medidas de contenção do flagelo. Qual Nero encontrando no incêndio de Roma a inspiração para sua arte, senão alegria, o Tenente (Capitão)  desenvolve gracejos em torno da mortandade. A sua frase de há poucos dias, "a sobrevivência da infecção pelo virus é mais eficaz do que a vacina" tem implícita a recomendação ao público de deixar-se contaminar.  

Trata-se de um deboche, assim  revelando, segundo os compêndios da psicoanalise,  a insensibilidade que, não raro, caracteriza os psicopatas.

E, em meio desta atual fragilidade institucional, a Nação balança e aderna nas bravias ondas políticas que precedem as eleições. Espreita-se, conspira-se, constrói-se um pretenso futuro que se entrelaça com um instável presente. Não será fácil construir-se este edifício. 

Hoje escorrega a Nação para uma escolha de Sofia, entre estremos indesejáveis. O colapso do diálogo entre Esquerda e Direita, sob o ethos do maniqueísmo, prenuncia uma Nação ferida. O próximo passo poderá ser o da intolerância armada. 

Importante, portanto,  encontrar-se um Tercius, probo, instruído, emocionalmente e politicamente  equilibrado, experiente nas lides políticas, cuja candidatura venha restaurar o bom senso, acalmar as expectativas eleitorais e restabelecer a tolerância politica.

O Brasil não suportará mais uma "experiência" fracassada. O país clama por um novo candidato que una os objetivos econômicos àqueles sociais, revertendo o aprofundamento da pobreza e dando ao empreendedor  a previsibilidade econômica, fiscal e operacional essencial à sua prosperidade. 

Em oposição, surge nos meios de comunicação, com crescente veemência, a proposta totalitária. É hora de vigoroso protesto contra estes crescentes e extremados apelos  que  pretendem conter a liberdade do cidadão como moeda de troca para atingir-se maior "eficiência político-administrativa". 

Os tempos são outros. A ubiquidade dos meios de comunicação social impede uma transição ditatorial pacífica. Não mais existe a ameaça do comunismo internacional que justifique  o movimento militar de 1964. A democracia não mais está ameaçada pela ideologia obsoleta e desdentada mas, sim, pelas antigas formulas de "salvação pela força". A insistir Bolsonaro neste caminho, arrisca acender a chama da contestação armada.

Todo cuidado é pouco.

 







terça-feira, 8 de junho de 2021

Militares da Ativa II







É enfadonho voltar à um assunto que involve, não um general de grandes feitos, mas sim um oficial superior cujo comportamento inferior o traz às manchetes. É o caso do General Pazuello, ex ministro da Saúde(?) que  alcançou  notoriedade pelo que deixou de fazer,  assim sendo derrotado pelo inimigo, o Covid19.

Talvez, valha lembrar outro general que, por sua inépcia, entrou para a história militar universal; o Genera Grouchy que, por não perseguir e conter o Prussiano Blücher, custou à  Napoleão a derrota em  Waterloo. Ambos serão lembrados.

No caso de Pazuello, as consequências diretas de suas artimanhas ainda se acumulam. Porém, a consequência indireta fica patente para o observador político, ao evidenciar o perigo que traz à nação a participação desastrada de militar da Ativa em governo democrático. 

Se da Reserva  fosse o General, não haveria "um manda e o outro obedece". Um Ministro pode e deve, se a seu critério necessário for, discordar do Presidente, devolvendo-lhe o cargo. Não tem que obedece-lo. Livre da subordinação formal ao Comandante em Chefe, talvez não teriam ocorrido os episódios  que macularam sua administração, tais como a opção pela Cloroquina, a procrastinação na contratação das vacinas, etc.. Poderia Pazuello, também, participar de quantos comícios quisesse, de acertar ou errar na defesa da truculência, de mentir sem contaminar a farda.

Mas não foi o que ocorreu. Pelo contrário, valendo-se da plena liberdade de recrutar soldados, o Presidente, atrai, para o que pode tornar-se a Grande Armadilha, os militares da Ativa, trazendo para a liça política, atividade essencialmente partidária,  a Instituição Exército cuja imparcialidade política é obrigatória.    

Paradoxalmente, ao servir o Executivo, o militar da Ativa deverá,  simultaneamente, obediência a  dois chefes e duas instituições distintas: ao Governo (Presidente)  e ao Estado (Forças Armadas). 

Desta situação resulta uma perda de clareza jurídica e administrativa com graves consequências políticas e institucionais. A dualidade causa fragilização da Disciplina castrense e, por outro lado, potencializa o vetor político na direção do radicalismo autoritário bem como o da anemia democrática

O atual governo vem revelando uma imagem, ainda não contestada, de contínua cooptação de militares, paramilitares, serviço de inteligência militar  e civil, chegando a revelar intimidade com alguns elementos de milícia, assim demonstrando tendência que sugere planejamento prévio. 

Paralelamente, o preenchimento de cargos críticos devem merecer do Congresso Federal a filtragem que assegure a higidez democrática. Para fortalecer a democracia brasileira que ora se debilita, torna-se, portanto, importante o apoio do Congresso Federal à iniciativa parlamentar que propõe, através de PEC, a vedação de militares da Ativa em cargos civis.