Nenhum conflito internacional vem se prolongando tanto quanto aquele que ocorre nas terras que medeiam o Mediterrâneo e o Rio Jordão. São tantos os meandros que, para entendê-la, convêm relatá-la por Capítulos e com especial atenção para a cronologia dos fatos e atos.
O Capítulo que ora se desenrola poderia ter por título "O Expurgo de Jerusalem".
Após ser Israel oficialmente designado um "Estado Judeu" ficou claro que a etnia Semita-Judaica tornava-se constitucionalmente dominante, assim formalizando o princípio do "Apartheid". Determina que o poder político dos nascidos Judeus será preponderante sobre as demais etnias, ora tornadas subordinadas. Dentre elas inclue-se a Semita-Arabe, composta por Palestinos, igualmente cidadãos do Estado de Israel.
Historicamente, Jerusalem Oriental é habitada pelos Palestinos, o qual, pela Resolução das Nações Unidas que criou o Estado de Israel, é designado como a futura capital do Estado Palestino a ser criado.
Contudo, segundo o governo de Israel, Jerusalem tornou-se, integralmente, a capital do Estado Judeu, inviabilizando a solução bipartite. Já lá vão alguns anos, amplia-se a ocupação deste bairro pela etnia Semita Judaica, seja através de aquisição, seja através de intimidação.
E assim, muito resumidamente, chega-se ao presente. Diversas famílias Palestinas estão sendo expulsas de suas casas, a serem cedidas aos Judeus. A Justiça tergiversa. As autoridades policiais querem o cumprimento imediato. Além da discutível validade jurídica, tal despejo despreza o fato de viver-se numa Pandemia, assim tornando aberrante o despejo de cidadãos.
A situação torna-se explosiva; manifestantes árabes protestam, as duas etnias se confrontam; a polícia interfere, violência, centenas de palestinos por ela agredidos, dezenas de mortos. O conflito agrava-se, se desloca para a Mesquita Al Aqsa, invadida pelas forças policiais. O desrespeito à inviolabilidade do local santo, garantida por tratado internacional ( Israel-Jordânia), provoca indignação e revolta. Outra centena de feridos e outra dezenas de mortos por forças israelenses.
Adiciona-se, então, outra dimensão ao conflito. A questão torna-se religiosa, para o mundo Muçulmano, não mais somente política. O protesto antes geograficamente contido, atravessa fronteiras e comunidades e países.
O conflito se espalha, mobiliza Gaza e a Irmandade Muçulmana. O ódio se propaga, a violência impera.
O Premier Netanyahu vê abrir-se a porta para seu retorno ao poder após duas tentativas frustradas. A questão Palestina é seu melhor cabo eleitoral. Até que ponto este objetivo estará por traz da intransigência e violência policial sob seu comando, planejando a inevitável reação Palestina?
Tal qual as peças de dominó, como se derrubando peça após peça, chega-se à Peça Hamas. Em Gaza, manifestações civis na fronteira com Israel enfrentam fogo mortal do exército israelense. Confrontação inevitável. Dezenas de mortos palestinos.
Voam os foguetes de uma lado, aviões do outro. Prédios derrubados, centenas de feridos, dezenas de mortos. A esmagadora maioria Palestinos. Dez Israelenses mortos.
"Israel a Perigo" brada a voz de Netanyahu. O jogo político está ganho! Bibi volta
Os próximo passos serão na Guerra da Informação. Os Palestinos, que começaram o relato como Vítimas, uma vez submersos pela onda da mídia dominada pelos poderosos, serão transformados em Culpados.
"Façam a Paz!" "Porque guerra?" "Palestinos e Judeus, enterrem as armas!"
Estas serão as manchetes. Sem perguntar: como podem os Palestinos sobreviver? Sem liberdade, sob tutela armada, prisioneiros em minguante território sob constantes predadores, sem vislumbre de Pátria?
Como podem subsistir sem protesto? Como podem se curvar e não levantar-se?
E a farsa, com beneplácito internacional, continua, até tornar-se o Holocausto Palestino. A menos que Israel, pressionado pelas potências, conceda àquele povo as condições de sobrevivência territorial, econômica, e política.
O passado já demonstrou que a Paz é possível. Poderia ser um novo "Acordo de Oslo" tendo por garantes um grupo de potências internacionais.
Inadmissível será a continuidade do "status quo".
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