domingo, 21 de março de 2021

Fé e Superstição



Ontem esta coluna constatou que existe uma realidade paralela. Ela se manifesta, não sub-repticiamente, escondida sob camadas temporais enganadoras; pelo contrário, está evidente diante de todos que assistem televisão. 

Basta escolher um canal, como foi feito. Na tela surge um senhor, bem apessoado, inteligente e convincente que se dirige a uma audiência que habita alguma outra dimensão. No longo tempo em que discursou, falou das vicissitudes humanas, do pecado, da redenção, do trabalho honesto, da contribuição financeira, um discurso abrangente. Mas não parecia ser no Brasil.

Em interrupções planejadas, consultava seus dois assistentes, onde, cada qual a seu turno, enumerava  dezenas de "curas" resultantes, exclusivamente,  de orações. Supreendentemente, dentre esta aflições, cada qual dos assistente relatava, apenas, quatro ou cinco casos de Covid 19, estes também curados por bem assestadas rezas. 

O "ancora teológico", um pastor que se na real dimensão temporal fosse, teria dedicado algum tempo à Pandemia que assola o país, e que vitimiza tantos fiéis. Ofereceria conselhos de auto proteção ou de resguardo de parentes e  amigos. Máscara seriam mencionadas, distanciamento seria aconselhado. 

Nem uma palavra. A proteção é exclusivamente divina, nada tem de material. E os 292.000 mortos? Morreram porque eram infiéis, escolheram a proteção errada? E para o futuro imediato, alguma orientação. Claro que sim, reze mais, com mais contrição. 

Século XXI, o homem chega a Marte, as vacinas salvam milhões de seres, o microfone e a tela da televisão para que o Pastor alcance sua audiência; todos estes fatos são testemunhos da ciência. É a morte da Superstição.

Jesus não pregou  contra remédios, contra médicos, contra prudência. Toda religião deve ser respeitada, mas os homens, falíveis por natureza, que as orientam, que as representam teem por dever priorizar o bem estar espiritual e físico de seus fiéis. A Inquisição, exemplo de obscurantismo, foi, no tempo,  repudiada pela Igreja Católica. Cometera grave pecado: a soberba de tudo conhecer. 

Em busca da luz, da verdade,  Jesus Cristo, o mais humano, generoso e clemente dos Profetas, deu sua Vida como valor supremo, pois dela decorre a perpetuação do ser humano, só interrompida no Juízo Final.

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