sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Politica externa no novo governo

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Itamaraty

A condição que mais predomina nesta eleição é a incerteza. Nenhum dos candidatos inspira tranquilidade quanto às políticas que pretende perseguir.

À direita, o candidato promete vincular-se às forças do mercado e da economia ortodoxa. Seria crível não fosse ele autoritário, impulsivo e jejuno em matéria econômica. Respeitar o mercado envolve paciência, pois a implementação de políticas não geram respostas imediatas. Seu perfil não parece incluir prudência e reflexão. Fica a incerteza.

À esquerda, o plano econômico é opaco, a não ser pela ânsia de vingar-se do "capital", adversário à sua acensão política. De que forma o fará? Certamente pelo aumento dos impostos, desprezando o fato de que a receita fiscal é adequada, o que peca são os desperdícios, os roubos e falcatruas, e, sobretudo, os projetos artificias que buscam, sem qualquer base lógica, o crescimento econômico. Como bem demonstrou Dilma; por resultado colheu-se recessão, desemprego e pobreza.

Porém, outra dimensão política não vem recebendo a atenção e reflexão que exige dos candidatos. A política externa do Brasil, que não pode desprezar seus interesses, forças e fraquezas geo políticas.

A dimensão continental e a demografia agigantada do Brasil é tanto sua força quanto sua fraqueza. Seu tamanho inspira respeito, suas fronteiras, físicas e econômicas, vulneráveis.

Por consequência sua segurança está na diversificação dos parceiros internacionais, tanto no campo político quanto comercial. Uma dependência excessiva para com qualquer dos principais polos que dominam o planeta expõe a nação à sua vontade; fragiliza-se a capacidade do Brasil em perseguir seus interesses permanentes.

Inversamente, relações construtivas devem ser perseguidas com todas as nações onde convergem os interesses políticos do Brasil.

A adesão do Brasil aos foros multi-laterais é a forma de defender-se contra as pressões externas, protegendo-se pela diluição do exercício explícito de poder dos países dominantes. Assim, a participação do Brasil junto às instituições internacionais, onde as Nações Unidas pontuam, é crucial para a segurança do país. Qualquer "aliança" terá por resultado criar hostilidade em campo adversário. Num mundo formado por multiplicidade de blocos poderosos, donos de imenso poder nuclear, ao Brasil cabe manter as portas abertas ao diálogo, sem que descuide da sua segurança interna. A sua tradição pacífica, priorizando a solução negociada das controvérsias, lhe concede importante Soft Power. Este deve ser mantido.

Do lado Petista, sua inclinação diplomática é previsível. Seguirá, sem dúvida, a solidariedade irrestrita àqueles países que teimam em seguir o receituário já, comprovadamente, ruinoso. Os laços com os hermanos venezuelanos e outros serão restabelecidos. A ideologia substituirá o real interesse nacional. O "beau geste" infantil, mais uma vez, esconderá, por pouco tempo, o prejuízo à nação que dele decorrerá. Os financiamentos a fundo perdido concedido à nações que comungam com a sua ideologia retiram às áreas carentes brasileiras os recursos que atenuariam as suas dificuldades.

Contudo, quanto às declarações já divulgadas pelo candidato da Direita, observa-se uma predileção por caminho contrário aos interesses do Brasil. A anunciada aproximação ao governo Trump contêm todos os elementos de imprevisibilidade que, a prazo mais longo, são contrários ao interesse nacional.

Ainda, a declaração que pretende reconhecer Jerusalém como capital de Israel parece, ao desavisado, desimportante. Infelizmente, não o é. Revela, primeiro, rebelar-se contra a lei internacional, conforme estabelecida pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e respeitada pela comunidade internacional. Ofende, também, nossos importantes parceiros comerciais em outras áreas do planeta.

Mais grave, porém, tal decisão parece decorrer de uma crença religiosa, onde é explicitada o retorno do Messias uma vez Israel atinja sua plenitude geográfica. Trata-se, portanto, de uma decisão de política externa calcada, não no interesse do Brasil mas em mandamento religioso originado em comunidade estrangeira. O culto que defende tal profecia é o mesmo que tem por dogma a criação do mundo em 6 dias.

Longe desta coluna ofender crenças, pois todas merecem respeito. Entretanto, profecias e teses contrárias à ciência não constituem fundamento suficiente sobre o qual erigir a política externa de uma nação.

Fica, portanto o apelo, para que o candidato da Direita convoque cientistas políticos, experts em geo-política e  membros do excelente quadro de diplomatas formados pelo Itamaraty, para, através de diálogo construtivo venha o futuro presidente formular um política esterna que defenda  os interesses permanente do país.




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