segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Habemus Papam


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Senão um novo Papa, sim, um novo presidente. Jair Bolsonaro, impulsionado pelos crassos erros na política econômica e da corrupção institucionalizada pelo estamento político, onde o PT e outros partidos interagem,  pela anemia leucêmica dos governos estaduais e municipais na luta contra o crime, pela constatação de que a atual constituição ao cidadão parece  só oferecer Direitos, sendo parca na cobrança das Obrigações cívicas, pois este recém eleito presidente surfou com sucesso a crescente onda de indignação que se apossou da classe média brasileira.

Sim, Habemus Jair. Inteligente, patriota, ativo, agressivo e... com muito a aprender. Reconhece (boa qualidade) que é jejuno em matéria econômica e assim escolhe um bem preparado ministro. Talvez entenda de infraestrutura e logística às quais matérias foi exposto na faculdade de Agulhas Negras.

Mas pode-se avaliar que não se aprofundou nas complexas correntes que regem a política externa. Suas declarações públicas em prol deste ou daquele governo as faz sem qualquer "quid pro quo". Promete alianças sem que dele tenham sido cobradas, desvalorizando o capital que dispõe para negociações futuras.

Ainda, num mundo hesitante, onde as novas formulações geopolíticas emergem em busca de preponderância, ao Brasil torna-se essencial administrar seu capital político e comercial em busca de vantagens táticas ou estratégicas. Ignorar o bem administrar dos interesses brasileiros nada mais é do que pretendia a política externa brasileira sob o comando Petista. Oferecia muito por pouco ou nada em troca.

Para que se preserve e negocie bem o capital diplomático brasileiro
não cabe mostrar-se as cartas sem a segurança de que as fichas compensem. Assim tem o Brasil caminhado no passado, excluindo-se os desmandos acima mencionados, criando invejável Soft Power, qual seja, a capacidade de com todos dialogar sem que seus argumentos sofram de represálias por atores antagônicos.   

A forma de dialogar com nações concorrentes, sejam no que tange interesses geopolíticos ou comerciais será, necessariamente, distinta da forma de dialogar com aqueles países cujos interesses o comerciais e financeiros sejam convergentes.

Por exemplo têm-se os Estados Unidos onde a convergência geo-política tem sido geralmente positiva. O mesmo se aplica no âmbito financeiro, ainda que em escala decrescente. Já, no campo comercial, nem tanto, como espelham as substanciais tarifas que afetam nossas exportações. Para manter aberto o canal de suas exportações, impõe-se ao Brasil negociar continuamente para que tais obstáculos não se tornem por demais onerosos, e se amplie o fluxo comercial.

Já no lado da convergência comercial tem-se a China, sendo ela a maior importadora de produtos brasileiros. Em adição, são substanciais e crescentes os investimentos de capitais chineses na infraestrutura do país. Assim sendo, torna-se evidente que a diplomacia brasileira deve manter e ampliar o diálogo com Pequim.

Assim, não cabe anunciar-se preferências para este ou aquele país. A preferência deve pautar-se pelas reciprocidades concedidas pelos parceiros internacionais.

Outro ponto merece reflexão. Ao Brasil, por conta de seu status de país emergente, longe de dispôr de elementos que garantam sua segurança em caso de conflito, seja ele armado ou econômico, interessa sua permanência prioritária no âmbito multilateral instituído pelas Nações Unidas. A multilateralidade pressupõe a prevalência da Lei Internacional, inibidora de arroubos geopolíticos advindos desta ou daquela grande potência. As agências internacionais, tais como a Organização Mundial do Comércio, permite negociações e acordos entre países de potencia díspares, obedecendo regras já estabelecidas; já no dialogo bilateral,  prevalecerá o interesse do mais forte.

Noutra dimensão, cabe ao Brasil manter boas relações com seus vizinhos. Canais de diálogo permanente acentuam a convergência de políticas e reduz as divergências ocasionais. A crítica ao governo ditatorial venezuelano é correta, porém sem que o diálogo seja interrompido. Muito menos deve ser cogitada qualquer ação armada contra tais países.

São estes alguns aspectos de, por vezes, complexa execução, que devem ser apresentados ao futuro presidente. A política externa não pode e não deve sofrer influência que não seja à do estrito interesse nacional. Considerações subjetivas, como aquelas pautadas em ideologia ou crenças  religiosas, se incorporadas à esta política, trarão sérias dificuldades aos interesses do Brasil. 

Não são poucos os brasileiros que conhecem o xadrez internacional. Que o presidente Jair Bolsonaro se valha desta experiência e conhecimento para que o sucesso de sua administração se faça sentir além fronteiras.

  



domingo, 21 de outubro de 2018

Uma vez eleito...


Foto: (Reprodução/TV Globo)

O eleitor brasileiro deve desvencilhar-se da síndrome Fla-Flu onde um lado representa todo o mal e o seu candidato, tudo de bom. 

Esta coluna considera o candidato do PT inadequado para dirigir o país, menos por sua pessoa do que pelo partido que representa. Se eleito, as ações que será levado a tomar, impelido pela ideologia de seu partido refém do populismo e da desonestidade criminosa constatada nos tribunais, grande mal trará à Nação.

A preferência pelo candidato Jair Bolsonaro se deve a duas principais razões; a primeira, por impedir a ascensão de Fernando Haddad à presidência e o retorno dos vícios que tanto feriram o Brasil; a segunda, por ter Bolsonaro afirmado adotar, quando eleito, os princípios da economia ortodoxa, a mais coincidente com os interesses do país.

Mas tal preferência não permite ao cidadão-eleitor desviar sua atenção dos enormes desafios que se colocam diante de um candidato sem qualquer experiência administrativa e despido do habito de lidar com as grandes questões que deverá enfrentar.

Pelo contrário, será o aconselhamento e. por vezes, a critica construtiva, a maior ajuda que poder-se-á oferecer a Jair Bolsonaro no aprendizado que provavelmente se iniciará em janeiro de 2019.   
Seu carácter impulsivo, por vezes violento, e simplificador encerra perigos que não devem ser ignorados. O forte apoio que necessitará deve ser aquele que favoreça a realização dos grandes objetivos nacionais, porém com a prudência e respeito democrático na escolha do instrumental para lá chegar.

A  seleção de seus colaboradores revelará ao público o tom de seu governo. Para que tenha sucesso, necessário será que se cerque com os conhecimentos que lhe faltem e não daqueles que, por preferência pessoal, se lhe assemelhem. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Politica externa no novo governo

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Itamaraty

A condição que mais predomina nesta eleição é a incerteza. Nenhum dos candidatos inspira tranquilidade quanto às políticas que pretende perseguir.

À direita, o candidato promete vincular-se às forças do mercado e da economia ortodoxa. Seria crível não fosse ele autoritário, impulsivo e jejuno em matéria econômica. Respeitar o mercado envolve paciência, pois a implementação de políticas não geram respostas imediatas. Seu perfil não parece incluir prudência e reflexão. Fica a incerteza.

À esquerda, o plano econômico é opaco, a não ser pela ânsia de vingar-se do "capital", adversário à sua acensão política. De que forma o fará? Certamente pelo aumento dos impostos, desprezando o fato de que a receita fiscal é adequada, o que peca são os desperdícios, os roubos e falcatruas, e, sobretudo, os projetos artificias que buscam, sem qualquer base lógica, o crescimento econômico. Como bem demonstrou Dilma; por resultado colheu-se recessão, desemprego e pobreza.

Porém, outra dimensão política não vem recebendo a atenção e reflexão que exige dos candidatos. A política externa do Brasil, que não pode desprezar seus interesses, forças e fraquezas geo políticas.

A dimensão continental e a demografia agigantada do Brasil é tanto sua força quanto sua fraqueza. Seu tamanho inspira respeito, suas fronteiras, físicas e econômicas, vulneráveis.

Por consequência sua segurança está na diversificação dos parceiros internacionais, tanto no campo político quanto comercial. Uma dependência excessiva para com qualquer dos principais polos que dominam o planeta expõe a nação à sua vontade; fragiliza-se a capacidade do Brasil em perseguir seus interesses permanentes.

Inversamente, relações construtivas devem ser perseguidas com todas as nações onde convergem os interesses políticos do Brasil.

A adesão do Brasil aos foros multi-laterais é a forma de defender-se contra as pressões externas, protegendo-se pela diluição do exercício explícito de poder dos países dominantes. Assim, a participação do Brasil junto às instituições internacionais, onde as Nações Unidas pontuam, é crucial para a segurança do país. Qualquer "aliança" terá por resultado criar hostilidade em campo adversário. Num mundo formado por multiplicidade de blocos poderosos, donos de imenso poder nuclear, ao Brasil cabe manter as portas abertas ao diálogo, sem que descuide da sua segurança interna. A sua tradição pacífica, priorizando a solução negociada das controvérsias, lhe concede importante Soft Power. Este deve ser mantido.

Do lado Petista, sua inclinação diplomática é previsível. Seguirá, sem dúvida, a solidariedade irrestrita àqueles países que teimam em seguir o receituário já, comprovadamente, ruinoso. Os laços com os hermanos venezuelanos e outros serão restabelecidos. A ideologia substituirá o real interesse nacional. O "beau geste" infantil, mais uma vez, esconderá, por pouco tempo, o prejuízo à nação que dele decorrerá. Os financiamentos a fundo perdido concedido à nações que comungam com a sua ideologia retiram às áreas carentes brasileiras os recursos que atenuariam as suas dificuldades.

Contudo, quanto às declarações já divulgadas pelo candidato da Direita, observa-se uma predileção por caminho contrário aos interesses do Brasil. A anunciada aproximação ao governo Trump contêm todos os elementos de imprevisibilidade que, a prazo mais longo, são contrários ao interesse nacional.

Ainda, a declaração que pretende reconhecer Jerusalém como capital de Israel parece, ao desavisado, desimportante. Infelizmente, não o é. Revela, primeiro, rebelar-se contra a lei internacional, conforme estabelecida pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e respeitada pela comunidade internacional. Ofende, também, nossos importantes parceiros comerciais em outras áreas do planeta.

Mais grave, porém, tal decisão parece decorrer de uma crença religiosa, onde é explicitada o retorno do Messias uma vez Israel atinja sua plenitude geográfica. Trata-se, portanto, de uma decisão de política externa calcada, não no interesse do Brasil mas em mandamento religioso originado em comunidade estrangeira. O culto que defende tal profecia é o mesmo que tem por dogma a criação do mundo em 6 dias.

Longe desta coluna ofender crenças, pois todas merecem respeito. Entretanto, profecias e teses contrárias à ciência não constituem fundamento suficiente sobre o qual erigir a política externa de uma nação.

Fica, portanto o apelo, para que o candidato da Direita convoque cientistas políticos, experts em geo-política e  membros do excelente quadro de diplomatas formados pelo Itamaraty, para, através de diálogo construtivo venha o futuro presidente formular um política esterna que defenda  os interesses permanente do país.