quinta-feira, 1 de novembro de 2012



O bom caminho

Estamos em dias de  festa cívica. O Brasil começa a acreditar na Justiça, aquela que, até bem pouco tempo se escondia nas entrelinhas do Código penal, se ocultava atrás dos recursos funambulescos, se    agachava atrás das prescrições. Hoje o Brasil, através de seu Supremo Tribunal, descortina o caminho a seguir para reerguer a República.

Os Ministros do Supremo, ou sua maioria, demonstraram a coragem da imparcialidade face à influência sombria do poder político. Tiveram por alicerce o Ministério Público, a Policia Federal e  aqueles políticos que houveram por bem buscar a verdade nas Comissões Parlamentares de Inquérito. Tiveram, também, o apoio de grande parte da imprensa, revelando o lamaçal moral que, por vezes, envolve a política nacional.

Não cabe a argumentação de alguns políticos e militantes  que acusam o Supremo Tribunal de viés partidário. Basta lembrar que as provas foram colimadas pela Polícia Federal,  órgão subordinado ao Ministério da Justiça, partícipe do governo PT mas não cúmplice dos inúmeros ilícitos apurados. Ainda,  torna-se relevante assinalar que os Ministros do Supremo Tribunal, se não pertencem a partidos políticos foram, na sua maioria, 7 dentre 10, designados pelo governo do PT. Constata-se claramente que buscou o STF, com admirável isenção, colocar seu dever acima de inapropriada gratidão. Buscou a  identificação e a punibilidade dos crimes praticados.

É um momento,  não apenas de regozijo cívico,  mas  também, de reflexão. Constata-se que a contribuição da Oposição foi quase inexistente, o que sugere existir uma convergência espúria de interesses que aproxima  alguns segmentos das duas alas do Congresso. Nota-se, também, o silêncio constrangido da maioria esmagadora dos parlamentares do PT, que certamente reconhecem neste episódio, o fortalecimento da República e de suas instituições, e não de perseguição política. Finalmente, e talvez o mais importante no que tange nosso quadro político, cabe a admiração dos brasileiros pela postura serena, correta e respeitosa da presidente Dilma Rousseff, renunciando à qualquer pressão indevida, assegurando a independência dos Poderes que regem a Nação.

Falta muito a fazer. Porém, cabe-nos esperar que a Lei da Ficha Limpa, em aliança virtuosa com o Supremo Tribunal, venham a filtrar, gradualmente,  o turvo caudal que ora ameaça nos submergir, trazendo ao amanhã crescente limpidez. Nossos filhos merecem.


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