terça-feira, 24 de julho de 2012

A Cultura da Violencia
Contrariamente ao alto índice de criminalidade  que ocorre em nosso país, onde os crimes tem objetivo específico, seja ele latrocínio, vingança pessoal ou guerra entre bandidos e polícias, o que comentamos abaixo versa sobre o crime anônimo, aquele que tem por objetivo o impulso ao morticínio, impulso resultante de uma caldeirão de emoções e pressões psicológicas, relegando à insignificância a condição das vitimas. Em  pouco, ou nada, se diferencia do terrorismo, onde a morte de inocentes serve para sublinhar a mensagem do perpetrante.
O recém assassinato de 12 pessoas (e mais 58 feridos), executado por um desequilibrado no cinema de Aurora (ironia?), pequena cidade do Colorado, causou espanto, pena e indignação à todos. Mas não surpresa. A freqüência de múltiplos assassinatos de pessoas desconectadas com os assassinos tem se tornando hábito nos Estados Unidos. Não faz muito, matança similar ocorreu na escola de Columbine, situada a poucos quilômetros da recente tragédia.
A freqüência e extensão destas ocorrências macabras  não se encontra em outros países. Ainda, como elemento de análise futura, na esmagadora maioria dos casos o assassino é branco e de classe média, ou seja de raça e condição dominante próxima ao puritanismo. Terá significado? Que fique a resposta a cargo de psicólogos e sociólogos.
Alguns elementos parecem relevantes na formação  da psique Norte Americana.
O culto à violência é nítido, sendo explicita, visual e diuturna no cinema, na televisão e nos jogos de computador. Desde os caubóis primordiais, que sem dó nem piedade massacravam índios quando não se matavam entre si, a admiração pelo pseudo herói se fixou na mente Americana. Aos caubóis seguiu-se a era dos gangsters onde a morte se dava em quantidade, seja pelos bandidos, seja pela polícia. As guerras internacionais se seguiram, com a sempre crescente identificação dos “bons” e dos “maus” .  Se compararmos a produção de “mortes” criada pelo cinema e nos seriados televisados norte americanos  com o observado no cinema internacional, constatamos que cabe à Hollywood a inquestionável primazia.
E temos, também, os “heróis” das histórias em quadrinho, levados às grandes  telas onde o maniqueísmo atinge sua plenitude. E por macabra coincidência foi num filme de Batman que um “herói” alucinado se outorgou o direito de matar.
Mas como matar?  Através da compra irrestrita de armas mortais, armas que já se distanciaram, ha muito, do conceito de auto defesa. E porque podem comprar? Porque nos idos do Século XVIII os fundadores da pátria permitiram, através da 2ª  Emenda à sua Constituição,  o porte de armas e a formação de milícias onde cidadão poderia se proteger, seja do gatuno, seja da opressão de um poder militar. Contudo o tempo e a tecnologia distorceram a intenção da Lei. As armas da época exigiam em torno de 3 minutos de preparação antes de desferir um segundo tiro, deixando o pretenso assassino  à mercê dos cidadãos enfurecidos. Hoje as armas automáticas, de livre venda ao público, podem disparar mais de 100 tiros por minuto.
Em conclusão,  entra em cena a pusilanimidade dos líderes políticos em Washington, onde o poderoso lobby da “National Rifle Association”, leva o estamento político à inação e à conformidade com o status quo. O silêncio de Barack Obama e Mitt Romney é emblemático . A sucessão de crimes múltiplos não tem estimulado medidas corretivas dos responsáveis pela nação Americana, que hoje enfrenta também este crescente terrorismo interno.

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