Uma nova Europa?
Um país com déficit fiscal de 10% e com divida interna igual a 100% do PIB poderia servir de modelo para a sofrida zona do Euro? Tal sugestão levaria Frau Merkel ao paroxismo da indignação teutônica, o que, para os países do clube implicaria em sério risco. A Europa não vê com bons olhos a irritação Germânica, seja qual for sua causa.
Loucura, diriam os vetustos economistas da escola conservadora. Hayek daria cambalhotas no túmulo. Cameron, na profundeza de sua recessão, comentaria com o habitual desdém Inglês, sobre as estrepolias do “Continent” (isto é a Europa, da qual a Grã Bretanha faz parte ocasionalmente, dependendo de seus interesses pontuais).
Apesar dos gritos e alertas dos defensores do “Cinto Apertado”, sobretudo defendido pelas elites imunes aos sacrifícios que decorrem desta política, constata-se que a eleição de François Hollande ameaça acionar o desvio dos trilhos que, no momento, levam a Europa na direção da recessão. O Velho Continente está mergulhado na inquietação política, econômica e social. Apesar de inclinar-se, ainda que timidamente, para o modelo Norte Americano, será o presidente Francês contrario à prudência no trato das finanças públicas? Não parece ser o caso, mas defende que fatores estimulantes à retomada econômica sejam adotados com urgência.
Como alternativa à severa política econômica ora em curso no Continente Europeu, propõe o aumento de liquidez através do Banco Central Europeu, assim facilitando o crédito à produção e ao consumo; a emissão de Euro Bonds para o refinanciamento das dividas soberanas mediante instrumento solidário; e a redução do valor do Euro face ao dólar, aumentando a competitividade comercial Européia.
O Élysée reconhece que a revisão e a gradação, porém não o abandono da política de responsabilidade fiscal, torna-se essencial para a manutenção da estabilidade política e a retomada da prosperidade Européia.. A prevalecer a política de austeridade “à outrance” e de assimetria fiscal sem que se desenhe o sopro da esperança para a base da pirâmide social cria-se o ciclo vicioso econômico. Fácil tornar-se-á o re-surgimento de movimentos radicais de esquerda e direita, cujos embriões já despontam, e que tanto sofrimento trouxeram no Século passado.
Eis que, tal qual o Capitão Marvel que salva a heroína no derradeiro minuto, surge Barack Obama, com todo o poderio dos Estados Unidos, em apoio à François Hollande. Washington, em franca solidariedade e auto interesse, respalda o viés de crescimento defendido pelo presidente Francês,e acrescenta seu peso na balança política Ocidental. Além do presidente Americano é de se prever a adesão de outros líderes Europeus ao desafio lançado pelo presidente Gaulês.
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