sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uma nova Europa?
Um país com déficit fiscal de 10% e com divida interna igual a 100% do PIB poderia servir de modelo para a sofrida zona do Euro? Tal sugestão  levaria Frau Merkel ao paroxismo da indignação teutônica, o que, para os países do clube implicaria em sério risco. A Europa não vê com bons olhos a irritação Germânica, seja qual for sua causa.
Loucura, diriam os vetustos economistas da escola conservadora. Hayek daria cambalhotas no túmulo. Cameron, na profundeza de sua recessão, comentaria com o habitual desdém Inglês, sobre as estrepolias  do “Continent” (isto é a Europa, da qual a Grã Bretanha faz parte ocasionalmente,  dependendo de seus interesses pontuais).
Apesar dos gritos e alertas dos defensores do “Cinto Apertado”, sobretudo defendido pelas elites imunes aos sacrifícios que decorrem desta política, constata-se que a eleição de François Hollande ameaça acionar o desvio dos trilhos que, no momento, levam a Europa na direção da recessão. O Velho Continente está mergulhado na inquietação política, econômica e social. Apesar de inclinar-se, ainda que timidamente,  para o modelo Norte Americano, será o presidente Francês contrario à prudência no trato das finanças públicas? Não parece ser o caso, mas defende que fatores estimulantes  à retomada econômica sejam adotados com urgência.
Como alternativa à severa política econômica ora em curso no Continente Europeu, propõe o aumento de liquidez através do Banco Central Europeu, assim facilitando o crédito à produção e ao consumo; a emissão de Euro Bonds para o refinanciamento das dividas soberanas mediante instrumento solidário; e a redução do valor do Euro face ao dólar, aumentando a competitividade comercial  Européia.
O Élysée reconhece que a revisão e a gradação, porém  não o abandono  da política de responsabilidade fiscal,  torna-se essencial para a manutenção da estabilidade política e a retomada da prosperidade Européia.. A prevalecer a política de austeridade “à outrance” e de assimetria fiscal sem que se desenhe o sopro da esperança para a base da pirâmide social cria-se o ciclo vicioso econômico. Fácil tornar-se-á o re-surgimento  de movimentos radicais de esquerda e direita, cujos embriões já despontam, e que tanto sofrimento trouxeram no Século passado.
Eis que, tal qual o Capitão Marvel que salva a heroína no derradeiro minuto, surge Barack Obama, com todo o poderio dos Estados Unidos, em apoio à François Hollande. Washington, em franca solidariedade e auto interesse, respalda o  viés de crescimento  defendido pelo presidente Francês,e  acrescenta seu peso na  balança política Ocidental. Além do presidente Americano é de se prever a adesão de outros líderes Europeus ao desafio lançado pelo presidente Gaulês.

sábado, 12 de maio de 2012


O uso político dos Direitos Humanos

Devemos à um presidente norte americano a difusão do princípio dos Direitos Humanos na política internacional. Acompanhando a trajetória política e pessoal de Jimmy Carter, verifica-se a inquestionável sinceridade de seus propósitos, e até nossos dias é ele quem melhor representa a pureza ética na defesa deste conceito.

Porém homens da sua pureza não são feitos todos os dias, nem todas a décadas. O conceito, puro na origem, tem sido, em muitos casos, paulatinamente transformado em mais uma arma de política internacional.

Um curto passeio pela história nos revela que conceitos moralistas já foram usados por nações, para justificar suas ambições geopolíticas. O “White Man’s Burden” da época Vitoriana nada mais pretendia do que vestir seu ímpeto colonialista com o manto da Retidão Moral, onde o homem branco trazia ao mundo despreparado o beneficio da civilização. Já, nos seus primórdios, a expansão imperial norte americana encontrou sua justificativa Moral na missão de “Cristianizar”, tanto o Havaí “pagão” como as Filipinas, esta através da traição a seu líder Emilio Aguinaldo, independente e insuficientemente Cristão ao ver de seus recém aliados americanos.

Já nos dias de hoje, observa-se incoerência e assimetria na aplicação militarizada da política de Direitos Humanos pelo seu mais relevante proponente, levando seus aliados a reboque na busca de benefícios. Causa perplexidade a constatação dos resultados desastrados destas experiências tão diversas.

No Kosovo, hoje alega-se ser criminoso quem governa o país; na Líbia, a luta prossegue entre as tribos vitimando civis;  no Iraque, o parcelamento do país já ocorre na região Curda, prometendo futura guerra civil; no Afeganistão onde, dentre os mortos, se misturam os inocentes e os guerreiros.

Como negar que as  mortes dentre civis causadas pelas intervenções “moralizadoras” superam aquelas que ocorriam antes da intervenção. Como negar aos países a catarse que gera sua própria evolução. Os Estados Unidos enfrentaram sua crudelíssima guerra civil, a Inglaterra, as matanças de Cromwell, a França, o terror da Revolução. Já o apoio a facções  pelas grandes potencias através da intervenção armada sofre da cruel lógica que é preciso matar civis para salvá-los.

Ainda, estas intervenções, geopolíticas na sua essência,  desequilibram o status quo internacional, tendo por potencial a geração de novas zonas de conflito de difícil avaliação. O apoio à uma rebelião contra uma ditadura não garante a instauração de uma democracia nem a reconstrução pacífica de uma país, gerando, ainda,  instabilidade nos países limítrofes.

Por estas razões, a tentativa de impor o respeito aos Direitos Humanos só encontra justificativa através da diplomacia uma vez que o maior desrespeito a estes Direitos  se revela na guerra e no morticínio de inocentes,  seja por quem for empreendida.

O conceito de Direitos Humanos é por demais importante para ser subordinado às ambições políticas de nações, como se peça de xadrez fosse. O seu uso de forma  Pragmática em vez de Moral, levará ao descrédito um conceito em vias de universalização, cuja aplicação deve ser resguardada para o  aperfeiçoamento das relações humanas e internacionais.

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Para reflexão sobre os relevantes motivos que levam às guerras no Oriente Médio. Abaixo observamos a atuação dos gigantes internacionais, Exxon (norte americana) e BP (britânica) na produção de petróleo Iraquiano, outrora reservada ao Estado.

Iraq is pumping at the highest rate since Saddam Hussein seized power in 1979, supported by foreign investors such as Exxon Mobil Corp. and BP Plc (BP/) that are developing new fields and reworking older deposits. The country produced 3.03 million barrels a day in April, 7.7 percent more than in March, while Iranian production declined to 3.2 million barrels a day, according to an OPEC monthly report yesterday. Iraq’s output last exceeded Iran’s in 1988, when the countries ended their eight-year war, statistics compiled by BP show.


Noticia da Bloomberg, em 11-5-2012