quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Quo Vadis, Israel?


                                                                        

Ao declarar-se Israel um Estado Judeu, instaurou-se na Nação a supremacia da religião Judaica e de seus habitantes semitas como parâmetro de crença e comportamento. Tal condição teológica exige uma subordinação à textos do Primeiro Testamento Bíblico (por ser ela sua Constituição), Assim, as referênciais comportamentais de seus cidadãos se alteram profundamente e de forma diferenciada conforme a crença de cada um.

Tendo o mundo vencido, através dos séculos, as etapas na direção do Estado Laico, dando fim às cruéis guerras e revoluções internas de motivação religiosa, chega-se, neste Século XXI, ao superior gráu civilizatório da tolerância e respeito à livre escolha do cidadão quanto à sua fé. Ainda, a laicidade das leis valida a livre escolha sem que lhe domine um Culto de peso constitucional.    

Já, voltando à Israel, justo presume-se a implantação de garantias de paridade cidadã entre a maioria judaica e as minorias Cristãs, Muçulmanas e Druzas. Caso contrário,  quais seriam as consequências, vitais ou banais para estes estranhos à "religião oficial"?

Ainda, vale indagar-se como um Estado Judaico pode, ou deve exercer sua supremacia sobre um povo que não comunga com a confissão impositiva do dominador? No Século XXI não parece razoável negar-se à um povo a demanda por liberdade política que ora junta-se à liberdade religiosa. 

A manter-se a crua dominação da população Palestina na Cisjordânia e Gaza, esta legalmente injustificável pela lei internacional, inevitável vem sendo e será a gradual e constante perda de imagem de Israel  junto à opinião pública Ocidental. Tal repúdio, pela violência desproporcional  da repressão  tende ao esquecimento da atrocidade cometida pelo Hamas. 

Já, quanto ao conflito que perdura em Gaza, conta-se, até o momento, 28.000 mortes de civis dentre as quais  17.000 crianças, vítimas dos bombardeios indiscriminados que nem sequer encontram qualquer abrigo e sem oferecer qualquer  resistência. É um rebanho condenado ao matadouro.

Ainda, a atual concentração de mais de 1 milhão de Palestinos  em torno da pequena cidade de Rafah, permite prever, ou sua destruição e a de seus habitantes pela ofensiva israelense, ou o "cleansing" que abra as portas para a sua expulsão de suas terras. 

Agravando a viabilidade deste projeto, difícilmente haverá país, Árabe ou não,  que aceite receber milhão e meio de refugiados de uma só vez. Tal negativa pode levar à Israel optar por uma solução definitiva, ainda que reprovável pela comunidade internacional. 

O que parece  faltar ao âmbiente israelense seria uma manfestação publica contrária à continuidade  deste conflito de laivos medievais. Parece ser a hora de virar a página, criando condições favoráveis para a criação de dois Estados, Judaico e Palestino, assim dando fim ao conflio quase centenário. 


N.R. Que fique claro que as observações acima se referem ao comportamento do Estado de Israel em consequência das iniciativas de seu governo. De forma alguma representam elas um sentimento retrógrado antisemita.

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