sexta-feira, 19 de maio de 2023

Jogo de Gigantes








Hoje, os jornais estampam a realização da reunião do G7, países que, na sua maioria,  apoiam a política externa de Washington; A reunião tem por objetivo implícito a contenção ordenada da expansão político-econômica da China.

A escolha de Hiroshima para o local da conferência dos G7 desafia a diplomacia de conciliação, enquanto  lembra à Peking a disposição norte-americana do uso do poderio nuclear americano que se soma às sanções tanto políticas quanto econômicas hoje em vigor. Ainda, a escolha do Japão, invasor da China durante décadas passadas revela também mensagem ameaçadora para sediar a conferência. 

Para o observador neutro, a China não demonstra agressividade geopolítica a não ser no mercado, seja como exportador e investidor, seja como importador e acolhedor de empresas Ocidentais em seu território. Seu comportamento internacional vem sendo sobretudo defensivo, contrariamente ao discurso de seus críticos. 

Por outro lado sua expansão econômica é notável, abrangendo todos os continentes simultaneamente. Hoje a China exporta mais para estes mercados do que sua concorrente americana. Medido pelo valor de compra interno sua expansão econômica  supera a norte-americana.  

Já no que tange a geopolítica o governo chinês tem declarado que Taiwan pertence historicamente à China, tem também insistindo que a recuperação deste território seguirá um "ritmo histórico", assim acenando como projeto de longo prazo. Contudo, Peking reage às alterações do status-quo quando de investidas político-militares de Washington.

Uma fria análise desta situação leva à uma comparação do episódio Ucrânia e Rússia com o  diferendo asiático. A ameaça norte-americana de cooptar Kiev para membro da OTAN  levou Putin à erro colossal ao invadir a Ucrânia. Já, as crescentes ameaças de Washington, nos âmbitos comercial, político e militar podem levar  Xi Jinping a cometer o mesmo erro de Putin, assim justificando a avassaladora resposta militar e política de Washington.. 

A se realizar tal hipótese, a inevitável vitória norte-americana levaria a China não só à derrota militar, mas, sobretudo ao desmantelamento da sua econômia. Por efeito ter-se-ia a neutralização da ameaça chinesa, seja militar, seja econômica, assim consolidando e prolongando a preponderância internacional dos Estados Unidos. 

A Luz e o Homem

 



Em recém artigo de prestigiosa instituição internacional, o Commonwealth Fund, compara-se o consumo de drogas e as mortes resultantes dentre os países de cultura Ocidental. No estudo verifica-se a esmagadora preponderância de tal flagelo nas nações situadas nas faixas gélidas do planeta. Dos doze países com maior índice de mortes por droga por milhão de habitantes, a lista é liderada pelos Estados Unidos (277 mortes por milhão de habitantes), seguindo-se em ordem decrescente, o Reino Unido (267) , os países escandinavos (de 70 à 30). Já, na faixa temperada, a França e Portugal revelam a incidência de apenas 7 e 5..

Não parece haver dúvida sobre ter o clima forte influência sobre o comportamento humano. Enquanto nos países frios e de longos períodos de escuridão, onde o Sol mostra-se tímido quando não ausente, tem o seu clima como estímulo à atividade humana e riqueza que dela decorre. Assim demonstra, não por acaso, a superioridade econômica das nações setentrionais. Nestes países o ócio é severamente punido.

Ainda, a religião como elemento convergente, gera suas consequências sociais e econômicas. Verifica-se, também, a preponderância nos países frios da religião protestantes, onde ela, contrariamente ao catolicismo, estimula a riqueza. Nesta teologia, vide o Calvinismo, o rico reflete a recompensa de Deus, enquanto o católico vê na pobreza a imagem de Cristo, assim diferenciando a ordem dos valores e dos objetivos.

Tais fatores de tensão existencial, tanto física quanto psíquica, exercem forte influência e diferença no comportamento das populações dentre os países ocidentais do Norte e do Sul, conforme demonstra a relação acima.

Será o Catolicismo mais tolerante com a fraqueza humana? Terá a Confissão um elemento de expiação de culpa e distensão psicológica? E, ainda, seria maior o rigor da teologia protestante, onde a culpa é introspectiva, tornando-se um fardo psicológico e existencial? Seria, assim, elemento relevante na extensão do uso da droga como escapismo?

Já pelo lado tropical, o clima generoso e ensolarado perdoa a displicência, sendo que em sua terra tudo dá. Tanto o presente quanto o futuro são igualmente previsíveis e de índole generosa, pois tanto o clima quanto a fertilidade atenua os rigores da incúria. A busca do imediato prepondera, deixando o porvir para quando se apresentar. Tal visão atenua a tensão autocritica uma vez que a punição material pelo insucesso é mais branda. Contraria, porém, o conceito de influir sobre o futuro através de investimentos cujo longo prazo mais riqueza poderá trazer. Cria-se, assim, uma ensolarada conformação imediatista, condenando a sociedade à mediocridade econômica.

As fábulas de La Fontaine e Êsopo, falam do alto preço do imediatismo, porém o fazem porque tanto na França quanto na Grécia os invernos são rigorosos. Em países tropicais as fabulas tratam mais de amor, atividade ubíqua e de teor imediatista, do que temas de longo desdobramento.

Seria impetuoso dizer-se que a “joie de vivre” acompanha o Sol? Que sobreviver é mais fácil nas terras quentes? Quando tudo é mais fecundo quando a pele não é fria?

A pesquisa produzido pela Bloomberg reflete o quadro depressivo identificado pelo consumo de drogas. O conflito interno, o pessimismo para com a vida, a falta de esperança são fatores que levam à droga. Tal quadro mais reflete sobre aqueles que fracassam nos desafios dos países frios, onde a penúria do calor solar e a sombria natureza invernal potencializa as exigências pela sobrevivência física e psicológica.




quinta-feira, 4 de maio de 2023

Aos bons leitores informo que, por razão de viagem, esta Coluna terá sua divulgação temporariamente suspensa, retomando sua publicação a partir do próximo mês de Junho.

Muito agradeço sua compreensão e fidelidade.

Pedro Leitão da Cunha