domingo, 26 de março de 2023

Mundo Assustado



Face à desastrada e malograda invasão de seu vizinho, tornou-se claro que a Russia, excluindo-se seu armamento nuclear, não mais tem o poderio convencional que lhe permita a agressividade passada. A superioridade tecnológica do armamento norte-americano, responsável pela neutralização de sua  ofensiva blindada revela o fosso tecnológico que se observa no atual conflito. Este fato impõe uma revisão das projeções geopolíticas para os próximos anos.   

Hoje, Moscou enfrenta a escolha de uma de duas opções; a primeira seria "double down" sua agressão em busca de  vitória rápida. recorrendo à arma nuclear tática e assim aproximando-se do dilema MAD (mutually assured destruction). Já, a segunda opção seria aceitar as propostas de pacificação do conflito, retornando à uma política externa mais branda, recolhendo-se à suas fronteiras e fortalecendo sua posição política no seu entorno geográfico.

No entanto,  não pode ser ignorada uma crescente vulnerabilidade de suas fronteiras meridionais face à independência das outrora repúblicas soviéticas do centro-asiático, tais como o Cazaquistão, Aserbajão e o Quirguistão.  Esta região torna-se  passível de interferência e cooptação norte-americana, seja diplomática, seja militar, com vistas à fragilizar o "under belly" da Russia. Neste caso, caberá à Moscou, não só reforçar suas relações na região, bem como  manter boas relações com a Turquia, Irã, Paquistão e India, países influentes na  Ásia Central.  

Já, a aliança com a China é necessária à sobrevivência do atual estamento russo. A complementaridade politico-militar é clara, e, trazendo-lhe Moscou o Punho Nuclear e provendo segurança mútua para a ampla fronteira que compartilham. Já, é relevante o potencial comercial entre as duas nações, pois alcança US$ 190 bilhões, sendo a Russia exportadora (US$114 bilhões) para a China, esta consumidora de matérias primas russas (vide petróleo, gaz e carvão), armamentos e outros produtos, Inversamente, a China  provê (US$ 76 bilhões) a seu vizinho ao Norte ao importar produtos manufaturados a preços competitivos bem como matérias primas (vide terras raras).  

A julgar pelos novos eventos que desfiam o equilíbrio internacional, estes tanto econômicos quanto políticos,  razoável prever-se uma reordenação geopolítica das potências dominantes. Novas alianças, ou, também, o seu desfazimento, levarão os grandes "players" à reavaliação de oportunidades e de vulnerabilidades. 

Pode se estimar que cinco centros de poder deverão se consolidar, levando em conta os polos Norte America, União Europeia, China e Russia. o Polo Petróleo, constituído pela Arábia Saudita, Irã e seus vizinhos, e o Polo Agrícola, onde o Brasil prepondera. 

Duas nações serão preponderantes, os Estados Unidos e a China, tornando-se  centros de atração das demais nações. Sem descurar da Europa, os Estados Unidos terão por prioridade o desenvolvimento da Liga das Nações de Língua Inglesa, ou seja, o Canada, a Inglaterra, a Australia e a Nova Zelândia. O amalgama para tal aliança provém da cultura e valores em comum que os une bem como a conveniência geopolítica.  Na Ásia,  ter-se-á a adesão confiável do Japão e da Coréia do Sul 

Já, a União Europeia dependerá para sua segurança do escudo militar da OTAN, o que, por sua vez, a amarra à politica norte-americana. Por outro lado, seu canal comercial com a China abre as portas para múltiplos benefícios econômicos e políticos. Ainda, o crescente comércio e investimentos no eixo Europa-China servirá para arrefecer as tensões hoje existentes. Reforçara, também, sua autonomia na medida em que menor for o perigo vindo da Russia. Neste cenário, dificilmente ter-se-á Vladimir Putin como presidente.

Enquanto os Estados Unidos exportaram para a União Europeia em 2021 um total de 555 bilhões de dólares, no memo ano as exportações chinesas para o mesmo destino totalizaram 586 bilhões de dólares. A progredir neste ritmo de crescimento do comércio EU e China, razoável estimar-se crescente convergência política na relação entre as duas potências. Da mesmo forma, com o declínio relativo do comercio europeu com os Estados Unidos, haverá diluição da influência de Washington, ainda que se mantenha ancorada no "guarda chuva" militar enquanto existir o diferendo com a  Russia.   

A União Europeia, cansada de guerra, tornar-se-á cada vez mais próspera, tendendo à uma crescente independência. À China, também,  o conflito não lhe interessa. Os dois maiores perigos a paz mundial  provém da Russia sob Putin, esta cercada na sua frente Ocidental pela OTAN, e dos Estados Unidos sob Biden, dispostos a impedir o crescimento da China a qualquer preço.


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segunda-feira, 13 de março de 2023

Varias...

I. Guerra na Ucrânia hoje revela sua antiga simpatia pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial, quando Kiev recrutou o equivalente à duas divisões para lutarem braço a braço com a Wehrmacht contra a Russia. Vide a Cruz de Ferro alemã estampada na frente de seu tanque. Por outro lado, compreende-se seu ódio aos russos, pois em 1932-33 Stalin, ao coletivizar a agricultura ucraniana, causou o colapso de sua agricultura a qual, por sua vez, provocou uma famína que custou a vida de milhões de seus compatriotas. 


II. De parabéns o governo Lula em sua pronta resposta à invasão do MST. Foram mandados para casa.
Ainda, o projeto fiscal a ser apresentado pelo Ministro Haddad parece ser construtivo e equilibrado. A   prever-se, um distanciamento entre Lula e a radical Gleisi Hoffman.                                                                         
III. Preparem-se para as consequências da Inteligência Artificial. O Bloomberg, em edição de 6     de      março, opina:                                                                                                                                                                   
             "Feel free, ask-me-anything tool — what fun! — is just the beginning of what is shaping up to  be an intense battle between artificial intelligence and humanity. Will we stay in control  or will they     end controlling us?                                                                                                                                   

IV.  De importância geopolítica é o reatamento de relações entre Arábia Saudita e o Irã. O ato vai muito   além de uma mera reconciliação. A mudança de rumo de Riad pode ter sido causada pela eleição de       Netanyahu e da trajetória agressiva que hoje impõe à Israel.                                                                                                                                
V. O germe da recessão reaparece nos Estados Unidos; teme-se que a recente falência de dois bancos de tamanho médio possa propagar-se no sistema bancário. Rápida foi a intervenção do Fed, protegendo os depositantes muito além dos limites do FDIC. Prevendo queda dos juros, como consequência de            potencial instabilidade de bancos, Wall Street registra alta nas bolsas. Será?                                              

VI. Renasce um Império, a aliança dos "English Speaking People". Aquele que Churchill                        magistralmente descreve em sua notável obra. Tendo por líder os Estados Unidos, a aliança abrangerá    América do Norte (Estados Unidos e Canada), a Europa  (Grã Bretanha), a Ásia (Havaí e Guam)             e  Oceania (Australia e Nova Zelândia) assim instituindo novo Império de presença global. Além  da       liderança política, Washington também comandará uma aliança militar, provendo seus membros com as armas necessárias.                                                                                                                                       
               
VII. A Europa de saia justa, Depende da segurança militar, incluindo o  guarda chuva nuclear, que os     Estados Unidos lhe presta. Já, a Velha Europa, cansada de guerra, vê na China promessa de crescente    comércio e investimentos. Um novo "boom" econômico torna-se possível, mas a hostilidade de             Washington atrapalha. A ver...                                                                                                                     
                                                                                                                            

quinta-feira, 2 de março de 2023

O Homem e a Árvore



A derrubada de árvores parecia ser coisa de Bolsonaro, em sua ânsia de escavar terras e rios em busca de ouro e outras riquezas. Porém, o MST, vislumbrando o apoio tácito ideológico do governo Lula, não hesitou em promover um deprimente espetáculo, onde dezenas de árvores recém plantadas foram derrubadas à machadadas. Este vandalismo explícito feriu o conceito, hoje prioritário, da proteção ambiental. 

Hoje, a árvore é parceira do Homem, e sua vida nos importa. 

Esta agressão, tanto do ponto de vista legal quanto ecológico, por entidade intimamente ligada ao PT,  favorece o campo político de Bolsonaro, e afasta àqueles que contra ele votaram.. Fosse este um raro desmando, a punição pelo crime cometido talvez merecesse pena branda. Mas tal não é o caso. O MST é uma organização que tem por existência a intimidade com o crime; invasão armadas, sequestros, encarceramento e mesmo mortes fazem parte de sua folha corrida. É uma organização raivosa com ânimo destrutivo, que não deve encontrar tolerância, muito menos apoio, neste mundo moderno e civilizado. A cumplicidade do MST com o partido dos  trabalhadores causa forte rejeição no eleitorado neutro.  

Não lhes basta receber terras para assentamento, pois o MST não raro exige quais as terras que desejam, pertençam ou não à outrem. Vale lembrar que a propriedade rural não se compara, do ponto de vista psicológico e emocional, com a volúvel propriedade urbana. A terra no campo é vida e sobrevivência, e vida se defende com armas. Sua violação trará sempre conflito e, não raro, mortes.  Em suma, seu conteúdo político é extraordinário, o qual, se não controlado. ternar-se-á um rastilho de pólvora.

O Brasil tem a terra como seu maior patrimônio econômico. O sucesso de  sua economia dela depende. Defendê-la daqueles que desrespeitem sua integridade torna-se questão de Segurança Nacional. A eventual complacência pelo governo Lula abre uma Caixa de Pandora. 

Cabe ao Presidente chamar a si este conflito que beira a anarquia, buscando o respeito estrito às leis.